Isso se é possível determinar de onde ele apareceu.
Recapitulando:
tenho a impressão de que ele é fruto das minhas desavenças com as minhas amigas. Um dia, comecei a perceber que elas estavam meio estranhas...eu chegava e elas paravam de conversar....ou ficavam cochichando. Já ouviram falar que para toda ação existe uma reação?? Pois é. Como elas estavam estranhas, eu comecei a ficar chateada com aquilo. Aí eu chegava e ficava de cara feia. Mau-humorada. Azeda. Tudo que elas falavam era motivo para discussão. Então eu comecei a me afastar. Não saía mais. Da casa para a escola, da escola para casa. Elas perguntavam o que estava acontecendo. “Nada” eu dizia sempre. Ah! Se elas me conhecessem realmente. Eu estava quebrada. Morta. Mas o pior é que sabia fingir bem. Ou elas é que não sabiam ler através de mim. E eu não tinha ajuda. Minha mãe? Não teria coragem para contar para ela que sua filha estava tão doente que achava que todos estavam rindo dela. Que tudo de ruim que acontecia (talvez, simplismente porque tinha que acontecer) era o mundo cuspindo na cara dela. Mostrando o quanto ninguém se importava com ela. O quanto ela era ridícula e desmerecida de amor, ou qualquer outro tipo de sentimento. Isso passando pela cabeça de uma garota que tinha “amigos”? Que tinha uma vida “normal”? não, isso não poderia ser verdade. Minhas amigas? Eu já estava contaminada demais para contar a elas o que estava se passando em mim. Elas não podiam estar interessadas em um garota tão idiota e problemática! Mesmo quando perguntavam. Eu duvidava que a preocupação podia ser verdadeira.
A partir do momento que comecei a pensar assim minha auto-estima e, por consequencia minha vida deslancharam.
Eu não conseguia mais sorrir. Tudo era forçado. Sempre.
Eu não conversava mais com ninguém. Não tinha amigos.
Não prestava atenção na minha família.
Eu me tranquei numa bolha. Tudo que eu fazia era ouvir música, ler e estudar.
Cuidar de mim e me alimentar vinha por consequência.
Eu ia a extremos do meu humor. Uma hora irritada com tudo.
Outra hora tão sensível que um comercial de tv me fazia chorar.
Eu só ouvia punk. Me vestia de preto e tal.
Não é preconceito (pelo amor de Deus!) mas todo mundo acha que só porque se tem esse gosto, a pessoa já sofreu de tudo e passou pelas piores situações.
Isso era para assustar.
Para que as pessoas não tentassem se aproximar de mim.
Não. Eu não poderia admitir ser traída mais uma vez.
Porque era assim que eu me sentia. Traída. Traída pelas minhas amigas.
Elas tinham fingido ser o que não eram para arrancar coisas de mim e depois ficarem rindo da minha cara pelas costas.
Hoje, pensando nisso, eu percebo como eu achava que o meu umbigo era o centro do mundo. Pelo menos do nosso mundo.
Tudo o que aconteceu foi por mim. Porque elas queriam me atingir. Me prejudicar.
Eu era grossa e fechada.
Ninguém podia ultrapassar a barreira que eu, cuidadosamente, criei para me manter longe de confusão.
Eu perdi o jeito de lidar com as pessoas. Eu não sabia mais manter uma conversa leve,
agradável.
Eu nem mesmo tinha cabeça para aguentar as futilidades alheias. E para mim tudo era futilidade.
Eu passei a sentir falta de alguma coisa. Eu não sabia o que era. E ainda não sei. Isso porque eu ainda sinto essa falta.
É uma sensação de vazio enorme. Como se um buraco tivesse se abrindo no meu peito.
Sinto falta de uma coisa que eu nunca tive.
(“meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.”- índios – legião urbana)
Ela sempre aparece quando estou sozinha. Pelo menos agora. Para o meu sincero agradecimento.
Antes ela vinha a qualquer hora. Aliás, ela nem ia embora. Ficava como uma onda.
Às vezes, forte, às vezes baixa e calma. Mas sempre estava ali.
Hoje em dia, ela volta quando alquem me dá adeus. Mesmo que por um breve período de tempo.
Ou quando eu termino de ver um bom filme. Ou de ler um bom livro.
Às vezes ela ainda me pega de surpresa quando eu estou vendo um filme romântico.
Ou quando ouço uma música mais deprê.
Mas é mais fácil de suportar.
Pelo menos eu sei que meus fantasmas vão me dixar em paz em breve.
Sim, porque o vazio sempre vem junto com eles.
Esses fantasmas me lembram de tudo que eu sentia antes. Da dor. Da raiva.
Da insignificância.
E lá no fundo ficam me dizendo que nada mudou. Nada.
Mas como eu disse, graçaz a deus eles vão embora. Depois de algum tempo.
E eu ainda consigo manter minha lucidez. Mesmo depois de tudo ficar escuro.
Eu aprendi a esperar pelo sol. Sem prestar muita atenção às sombras.
Só o suficiente para que elas não me engulam.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
De onde surgiu o zumbido, exatamente (mencionado em “zumbidos do passado”)
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